O fato de não termos agendado nossa visita implicou no fato de não termos um guia, mas em compensação conseguimos um panfleto com um mapa detalhado que indicava a localização dos túmulos e das obras de arte mais famosas. Saímos então à caçada dos túmulos de Monteiro Lobato, Mário e Oswald de Andrade, Paulo Machado de Carvalho, Tarsila do Amaral entre outros.

A princípio esperávamos que os túmulos das grandes personalidades fossem suntuosos, daqueles que se destacam entre os demais, entretanto o que tivemos foi um misto de decepção e melancolia ao nos deparamos com sepulturas(salvo as exceções)tão simples e deterioradas que passariam despercebidas por qualquer pessoa que estivesse apenas de passagem.
Túmulos de grandes nomes da literatura brasileira, como Mário e Oswald de Andrade por exemplo, sequer ostentavam referências das obras dos artistas em suas superfícies de mármore marrom de gosto duvidoso, porém o túmulo que mais nos chamou a atenção pelo descaso foi o de outro grande nome do movimento modernista, o de Tarsila do Amaral.
Seu túmulo é tão discreto que só conseguimos encontrá-lo com o auxílio de um dos funcionários responsáveis pela manutenção do cemitério. O homenzinho magro com aspecto de cansado percebeu nossa frustração, sentou-se em uma cova, acendeu um cigarro e começou a falar sobre coisas que o guia do cemitério jamais falaria aos visitantes formais.
Com tom de saudosismo o homem relembrou as glórias da necrópole e lamentou o fato de atualmente o cemitério passar por uma fase decadente. Embora muitas sepulturas sejam tombadas como patrimônio histórico, não é destinado a elas qualquer tipo de auxílio para que se possa realizar as manutenções necessárias. Atualmente o cemitério é dividido em duas alas, sendo uma mantida pela iniciativa privada e outra pelo governo. O lado privatizado possui alamedas bem calçadas, túmulos limpos e fartura de flores, enquanto o lado público, onde estão sepultadas as celebridades sofre com a deterioração pelo tempo e com o vandalismo, configurado principalmente pelos furtos e pichações.
Outra realidade lamentável no Cemitério da Consolação é o descaso dos próprios familiares para com os seus mortos. Fomos informados pelo funcionário do cemitério que o túmulo de Tarsila foi abandonado por sua família e hoje em dia estaria em um estado deplorável não fossem os esforços dos funcionário encarregados pela manutenção do cemitério que realizam limpezas constantes e da iniciativa de um admirador da artista que bancou uma discreta reforma há alguns anos.
Vale lembrar que ainda hoje a obra de Tarsila figura em livros didáticos, manuais de consulta e revistas, além de estar presente em importantes museus e galerias de arte ao redor do mundo. Tamanha importância artística e histórica fazem com que cada quadro de Tarsila seja detentor de um grande valor venal, atraindo a atenção de colecionadores e ladrões de arte, haja visto o incidente ocorrido em maio de 2009 quando a obra “ Figura em azul” da artista e outros dois quadros de Cândido Portinari foram roubados da mansão da família Maksoud, nos Jardins, em São Paulo.“Figura em azul” tem o valor estimado de R$ 2 milhões, o “suficiente” para cobrir os custos de manutenção do túmulo da artista.

Ao lado uma foto do túmulo de Tarsila do Amaral tirada no ano de 2006, após a reforma bancada por um fã da artista. Na ocasião da minha visita em outubro de 2009 me deparei com o túmulo sujo e sem o vaso mostrado na fotografia.

O quadro "Operários" de Tarsila do Amaral exposto em Madri (créditos, Kote Rodrigo - EFE)
Faça uma visita monitorada ao Cemitério da Consolação
Conheça um pouco mais da vida e da obra de Tarsila do Amaral
Oi moço! =D
ResponderExcluirRetribuindo a visita e pra dizer que seu cantinho tb é mto bacana!!! Gostei de algumas coisas que li por aqui e vou te linkar tb!
Stay in touch!
Beijos,
Deb. =D
ADOREI....
ResponderExcluirPRECISAMOS CONVERSAR MAIS...