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sexta-feira, 2 de julho de 2010

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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

TOP 5 - Piores Comerciais de TV

Há muito tempo o Brasil é considerado um dos principais centros de referência em publicidade no mundo. A campanha realizada pela Brahma na copa de 2002, por exemplo, ficou conhecida mundialmente, ganhou prêmios e alcançou a incrível marca de 44% no índice de lembrança de propaganda de TV na história. O sucesso da campanha foi tão grande que a tartaruga que protagonizava os comerciais praticamente se tornou o mascote oficial da seleção brasileira.
Tamanho sucesso se deve principalmente à criatividade (ou jeitinho) do brasileiro, capaz de transformar uma ideia aparentemente estúpida (como uma tartaruga fazendo embaixadinhas com facas) em um projeto vencedor.
Mas, como nem tudo são flores, existem campanhas publicitárias no Brasil tão ruins a ponto de fazer o consumidor duvidar se o que está sendo dito é verdade ou uma grande piada.
Foi pensando na incompetência desses profissionais que selecionei cinco das campanhas mais idiotas da atualidade. Confira.

5- Cerveja Sol – Vampiro na praia

Comercial de cerveja na praia já virou pleonasmo. É como subir pra cima, hemorragia de sangue etc. Acho que a última vez que vi um comercial de cerveja num bar (embora alguns publicitários não saibam, o produto “também” é consumido em bares) foi nos tempos do baixinho da Kaiser, hoje em dia não consigo mais imaginar um comercial de cerveja que não seja gravado na praia com dezenas de atores e figurantes malhados, que mais parecem ter uma dieta baseada em saladas e barrinhas de cereal do que em porções de torresmo com cerveja.
O comercial da cerveja Sol segue a fórmula: praia, calor e mulher pelada, mas se destaca pela ousadia. Isso porque eles inserem um vampiro, isso mesmo, um vampiro com direito a todos os clichês tirados dos filmes do Bela Lugosi da década de 30. Vale lembrar que a caracterização do vampiro não vai além das tradicionais fantasias de baile de carnaval vendidas em larga escala na rua 25 de março.

Em comercial de cerveja até vampiro vai à praia


4- Sazón – É o Amor

Comerciais com a dupla Zezé di Camargo e Luciano têm sempre uma pré-disposição natural a serem ridículos (basta ver os comerciais das Lojas Marabraz). Isso porque giram em torno de jingles, que nada mais são do que paródias dos sucessos da dupla. Outro recurso utilizado em demasia nesses comerciais são os falsetes de Zezé di Camargo, que muitas vezes chegam a causar desconforto no telespectador. Acredito que a proposta da Ajinomoto para a campanha mais recente era explicar a ligação entre o tempero conhecido como “amor” e a música “É o amor”, sucesso dos anos 90, mesmo após centenas de comerciais tendo Zezé e Luciano como garotos propaganda do produto, cantando a plenos pulmões o famoso refrão. Embora seja completamente idiota, a ideia não é nova e já foi utilizada diversas vezes no cinema como é o caso das trilogias Star Wars e Silêncio dos Inocentes, que têm as origens de suas estórias contadas justamente nos episódios finais.
Embora o resultado não tenha sido tão ruim no cinema, não podemos comparar Zezé di Camargo e Luciano a Hannibal Lecter e Luke Skywalker e é por esta razão que o comercial é um fracasso.

O "ínicio" da trilogia Sazón


3- Dolly – Malfeito de propósito

Citar as propagandas de Dolly entre as piores é marmelada, mas elas são tão tradicionais que seria um crime deixá-las de fora.
Além de roteiros idiotas os comerciais também possuem efeitos especias produzidos pelos mais primitivos programas de computador, atingindo resultados ainda piores que os do seriado Chapolin, produzido na década de 70. Embora sejam um lixo, essas propagandas parecem ser feitas com muita convicção, uma vez que a empresa já ganhou muito dinheiro e não precisa mais contratar agências de fundo de quintal para produzir seus comerciais.
Já são tantos anos produzindo as propagandas mais toscas da televisão brasileira que achei justo exibir não um, mas dois comerciais do Dolly. O primeiro vídeo destaca-se principalmente pelos efeitos especiais e pelo encontro de Dolinho, mascote da empresa, com Papai Noel em mais um comercial feito para celebrar datas comemorativas, enquanto o segundo explora o grande talento, fama e credibilidade de Kleber Bam Bam e Rafael Vanuci (???).


Papai Noel e Dolinho em uma mensagem de Natal. Destaque para as roupas verdes do bom velhinho, para não fazer referência à Coca Cola.



O ex Casa dos Artistas Rafael Vanuci e o ex BBB Kleber Bam Bam em um dos encontros mais toscos da televisão brasileira. Destaque para o estilo Robinson Cordeiro de cantar do Rafael Vanuci.


2- Tekpix – Estilo barraca de degustação

A Tecnomania, ao lado de Diet Shake e Cogumelo do Sol, é percussora em uma das técnicas de propaganda para TV mais chulas de todos os tempos, a qual eu costumo chamar de Merchan de Bancão. Trata-se de uma prática utilizada principalmente em programas voltados para o público feminino em emissoras de pouca audiência, onde as matérias são interrompidas para dar espaço a um patrocinador que anuncia seu produto atrás de um balcão. Acredito que seja uma das estratégias de venda mais desleais utilizadas na televisão, uma vez que um programa pode ter dezenas de anunciantes de balcão além dos tradicionais intervalos comerciais, resultando em inúmeras interrupções que acabam, na maioria das vezes, levando o telespectador à loucura. O destaque para a Tecnomania, no entanto, não se deve aos tradicionais anúncios da multifuncional câmera (e canivete suíço)Tekpix no programa da Sônia Abrão ou da Márcia Goldsmith. O vídeo escolhido é uma tentativa frustrada da Tecnomania de fazer uma propaganda mais ambiciosa. Na oportunidade a empresa chegou a contratar a ex BBB Íris Stefanelli (???) para anunciar o produto. Em determinado momento do comercial o telespectador é surpreendido por um breakingnews estilo plantão da Globo feito pelo garoto propaganda Juares, causando um dos efeitos mais bizarros da história da propaganda em todos os tempos, uma vez que a voz de Juares sobreposta à imagem da “atriz” nos da a impressão de que ela é um transsexual.


Um projeto ambicioso da Tecnomania. Destaque para a "primorosa" atuação da ex BBB Íris.



1-UOL – Pacotão de clichês

O UOL é uma empresa detentora de uma infinidade de produtos e serviços, além de possuir um site que é considerado o maior e melhor em conteúdo no país. Porém, quando o assunto é propaganda, deixa muito a desejar.
Uma das principais características das propagandas do UOL são os clichês, como é o caso das propagandas em que um pai de família direciona piadinhas ofensivas e sem graça ao namorado de sua filha. Aqui temos um plágio dos velhos (e bota velhos nisso) comerciais da margarina Qualy onde o “namorado folgado” era o núcleo da trama. Além de sem graça esse recurso revela uma visão quadrada que o UOL tem das famílias do século XXI, como se os sogros ainda tratassem seus genros como a 50 anos atrás.
Podemos citar, também, outros grandes fracassos como: a babação de ovo da empresa querendo comparar seus clientes a super heróis, fazendo alusão àquelas cenas manjadas de Hollywood e da Liga da Justiça em que os heróis caminham em câmera lenta em frente a luz e a tentativa patética de transformar o nome da empresa em uma onomatopeia. Vale lembrar que a falta de criatividade foi o fator determinante para que o UOL conseguisse a primeira posição no ranking de piores comerciais de TV, superando competidores tradicionais como Dolly, embora eu acredite que ambas as empresas tenham contratado a mesma agência publicitária para produzir seus comerciais.

O velho clichê do namorado folgado. Ideia copiada dos comerciais da margarina Qualy.


Tentativa frustrada de transformar a palavra UOL em uma onomatopéia. Destaque para a irrelevância da informação.


UOL forçando a barra

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Eraserhead - 1977



É difícil descrever uma produção tão atípica quanto Eraserhead. Desde a sua estréia em 1977 o filme tem gerado inúmeras discussões, sejam para tentar classificá-lo, sejam para tentar entendê-lo. Todo o esforço dispensado ao longo dessas mais de três décadas, no entanto, não foi suficiente para se chegar a conclusão de que algumas obras são únicas, capazes de quebrar paradigmas e abrir caminho para novas tendências. No caso de Eraserhead, limitamo-se ao que se diz respeito à quebra de paradigmas, uma vez que não temos conhecimento de nada semelhante produzido com bases nessa experiência, embora tenha influenciado a obra de grandes diretores do cinema de horror como Stephen King e George Romero.
Como já disse, inúmeras tentativas de análise já foram feitas ao longo dos anos e nada pôde ser concluído a respeito de Eraserhead. O fato do diretor David Lynch nunca ter mencionado uma palavra sequer a respeito do que poderia se tratar o filme assim como a riqueza de elementos metafóricos contidos na produção colaboram com a manutenção do mistério e abrem espaço para uma infinidade de interpretações possíveis.

Um breve resumo

Henry é um rapaz apático e solitário, vive em um bairro industrial sombrio e praticamente deserto. Certo dia recebe um convite para jantar na casa de sua namorada. Após um estranho jantar com os pais da garota Henry é informado que será pai. Como a gestação não foi planejada, é imposto a ele que se case com sua namorada e assuma a criança. Após o parto a namorada de Henry mud-ase para o apartamento dele, o "bebê", no entanto, é prematuro e mal formado, possui um aspecto gelatinoso com uma cabeça semelhante à de um bezerro e aparentemente (uma vez que passa todo o tempo envolto em gazes)não possui membros.
Após alguns dias a esposa de Henry abandona-o sozinho com o bebê por não aguentar mais o choro deste. A partir daí Henry se vê diante de um grande desafio, que é cuidar de uma “criança” que passa a maior parte do tempo chorando e adquirindo doenças instantâneas.
Essa situação se arrasta ao longo do filme até o ponto em que fica insuportável, culminando com o homicídio do bebê, por parte do próprio pai.



Metáforas

Acredito que a proposta do filme está vinculada ao sentimento de culpa inerente à espécie Humana. Os tópicos a seguir abordam algumas metáforas que podem justificar esta afirmação.

1-O filme começa com a imagem de um sujeito decrépito controlando algumas alavancas numa espécie de sótão, em seguida vemos uma esfera num plano escuro, sobreposta à imagem da cabeça de Henry que parece estar flutuando. O Homem ativa uma das alavancas e em seguida uma espécie de germe é extraído da cabeça de Henry e logo depois cai em uma possa d’água.
Pode-se afirmar que o homem das alavancas seria Deus ou o destino controlando a vida de Henry. A esfera seria o ovário feminino e o germe extraído da cabeça do protagonista um espermatozóide. Logo, pode-se justificar a afirmação de que a concepção do "bebê" não foi planejada, senão um acidente.

2-Henry vive em um bairro cercado por industrias e montes de entulho. Existe um som intermitente de máquinas trabalhando, porém não se vê pessoas ou seres vivos, propiciando assim uma visão desértica e fria (no sentido de desolação) do ambiente, acentuada pela gravação em preto e branco.
As características do ambiente colaboram com a descrição do personagem principal, um sujeito introspectivo, tímido e solitário, que mesmo estando em sua casa em férias, usa terno e gravata, além de diversas canetas no bolso frontal do paletó. Aqui temos uma visão da sociedade urbana; mecânica, produtiva, porém ignorante no que se diz respeito às relações sociais e instintivas.

3-Henry é convidado para um jantar com os pais de sua namorada. Durante o jantar, inúmeros acontecimentos bizarros, como um frango que sangra e se movimenta num prato, além de uma grande perplexidade explicitada pelo rapaz diante de uma família no mínimo exótica, retratam o desconforto que um rapaz sente quando visita a casa de sua namorada pela primeira vez e precisa parecer gentil e agradável.

4-Henry possui um aquecedor em seu quarto de onde se pode ouvir a voz de uma mulher bochechuda, que passa a maior parte do tempo cantando em uma espécie de palco. Suas canções são suaves e costumam passar mensagens de conforto do tipo “In heaven everything is fine” (no céu, tudo está bem).
Em um determinado momento a cantora misteriosa divide o palco com Henry que se mostra completamente amedrontado, de repente a cabeça do rapaz salta para fora do corpo para dar lugar à cabeça do bebê deformado, enquanto a mulher pisoteia as criaturas parecidas com germes. Depois a cabeça de Henry submerge em uma poça de sangue para em seguida aparecer em uma rua do seu bairro.
Um menino recolhe a cabeça e leva-a para um homem que a compra como material para produzir borracha para lápis, daí o nome Eraserhead (cabeça de borracha).
Essa passagem é muito reveladora, pois é a partir dela que se pode deduzir qualquer coisa a respeito do título do filme.
Acredito que a grande metáfora em jogo é a do lápis simbolizando o protagonista.
A borracha do lápis seria o cérebro, enquanto a ponta da grafite representa o pênis. A borracha apaga os erros cometidos pela grafite.
Henry cometeu um grande erro ao engravidar sua namorada e passou a sofrer com as consequências do nascimento do bebê. Após a visão ou sonho com a garota do aquecedor decide pôr fim ao problema. Como não encontra outra saída, resolve eliminar a causa do problema matando o bebê com uma tesoura.
Entre outras palavras, podemos afirmar que Henry “apagou” um erro do passado da maneira mais fria e cruel possível, sem racionalizar ou tentar buscar outras maneiras para solucionar o problema, pois sua cabeça nada mais é e nada pode fazer além do que faz uma borracha, simplesmente apaga.

Vale lembrar que o diretor David Lynch inspirou-se em sua experiência pessoal para desenvolver esse roteiro. Assim como seu personagem Henry, Lynch também engravidou sua namorada acidentalmente, a garota deu a luz a uma criança com deficiência física (tinha os pés atrofiados) e em seguida fugiu deixando-a com Lynch.

Trailer de Eraserhead



Ficha Técnica

Direção: David Lynch.
Roteiro: David Lynch.
Produção: David Lynch.
Produção Executiva: Fred Baker.
Fotografia: Frederick Elmes e Herbert Cardwell.
Música: David Lynch.
Edição: David Lynch.
Direção de Arte: David Lynch.
Elenco: Jack Nance, Charlotte Stewart, Jeanne Bates, Allen Joseph, Judith Anna Roberts, Laurel Near, V. Phipps-Wilson, Jack Fisk, Gill Dennis, Darwin Joston.

sábado, 2 de janeiro de 2010

A Eterna Coleção Vaga-Lume


Não conheço uma coleção de livros tão famosa quanto a Vaga-Lume no Brasil. Lançada a partir de 1972 pela Editora Ática, a coleção conta atualmente com cerca de 100 títulos, alguns deles considerados clássicos como é o caso de “ A ilha perdida”, “Um cadáver ouve rádio”, “O caso da borboleta Atíria” e “O escaravelho do diabo”.
Os livros da série são direcionados ao público infanto juvenil e possuem uma linguagem simples e envolvente, que busca despertar o gosto e o habito de ler. Utilizados em larga escala por professores ao longo dos anos, os livros da coleção Vaga-Lume marcaram a vida de milhões de brasileiros e foram também a porta para o sucesso de muitos escritores que iniciaram suas carreiras escrevendo para a série, como é o caso do escritor, tradutor e cineasta Marcos Rey, autor de vários livros da coleção.
Em 2007, em comemoração aos 35 anos da série Vaga-Lume, a editora Ática lançou uma caixa com 10 clássicos especialmente selecionados. São eles:

-A ilha perdida, de Maria José Dupret;
- O escaravelho do diabo, de Lúcia Machado de Almeida;
- Açúcar amargo, de Luiz Puntel;
- Éramos seis, de Maria José Dupret;
- Os barcos de papel, de José Maviael Monteiro;
- O menino de asas, de Homero Homem;
- O caso da borboleta Atíria, de Lúcia Machado de Almeida;
- Um cadáver ouve rádio, de Marcos Rey;
- A turma da rua quinze, de Marçal Aquino;
- A árvore que dava dinheiro, de Domingos Pellegrini.

Com quase 40 anos de existência a coleção Vaga-Lume continua encantado novos leitores e mantem um cantinho especial reservado no coração daqueles que (como eu) cresceram lendo suas estórias.

Confira abaixo algumas das capas mais famosas: